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domingo, 18 de agosto de 2013

Mulheres estão recusando a tintura e assumindo os cabelos brancos

Os cabelos brancos não são necessariamente sinal de descuido com a aparência. Desde que Meryl Streep apareceu nas telonas com os cabelos totalmente brancos no filme “O Diabo Veste Prada”, as mulheres ganharam um álibi para não disfarçarem este sinal da idade. Até a presidente Dilma Rousseff declarou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a vontade de parar de tingir os cabelos tão logo deixe o cargo. Seu objetivo é adotar um visual à la Christine Lagarde, diretora do FMI.

Para ostentar cabelos brancos bonitos, porém, não basta parar de tingir. Para Gloria Kalil, consultora de moda e estilo, os cabelos brancos só caem bem se vierem acompanhados de cortes muito benfeitos e com a cor irretocável. Ela cita Meryl Streep como um exemplo de sucesso, e também a modelo octogenária Carmen Dell’Orefice, que desfila com seus fios cor de nuvem.

Se simplesmente se deixa os fios brancos brotarem, sem controle, a imagem que se passa é de que a dona da cabeleira “pendurou as chuteiras”, alerta Gloria. Ou seja, o cabelo branco desleixado derruba qualquer visual, não importa a maquiagem, a roupa e os cuidados com a pele e o corpo.

Aos 50 anos
Não é necessário ser rica ou famosa para conseguir um resultado bonito ao mesmo tempo em que se liberta das tinturas. A mineira Maria Beatriz Parisi decidiu quebrar as algemas da coloração com a proximidade de seu aniversário de 50 anos. Ela pintava os fios desde os 20, quando os primeiros brancos começaram a aparecer.

“Eu estava cansada de ter de ir ao salão todo mês retocar a tintura”, ela conta. “Sentia um vazio e uma falta de propósito naquilo porque não estava enganando ninguém”. Junto com a vontade de se libertar da obrigação da tintura, Maria Beatriz criou um blog para compartilhar descobertas e dilemas. A proposta inicial era publicar textos até o dia de seu aniversário de 50 anos, em janeiro de 2013, quando, de acordo com o planejado, ela teria abandonado completamente as tinturas. Mas não foi bem assim.

“Ainda não estou preparada para o branco total”, lamenta Maria Beatriz. “Talvez se eu tivesse começado essa transição mais cedo, eu teria mais conforto em assumir os fios virgens”. Hoje, a mineira tonaliza os fios, que são 80% brancos, com Grecin, produto conhecido dos homens maduros por deixar a cabeleira com o popular efeito “raposa prateada”.

Os amigos e familiares ficaram até desapontados, mas Beatriz está gostando do visual. Afirma que os cabelos estão mais saudáveis, caem menos, e o salão de beleza agora só é usado para fazer escova. Para manter a cor, ela gasta mais ou menos 10 minutos por semana, aplicando o tonalizante.

Aos 40 anos
Ana Paula Dantas, de 43 anos, também cansou da rotina de tintura e da sensação de futilidade que ela trazia. “Eu saia correndo pra pintar o cabelo assim que despontava um fiozinho branco, e comecei a ter muitas alergias e irritações no couro cabeludo”, lembra. Tudo mudou quando Ana voltou de uma temporada de dois anos nos Estados Unidos que mudou sua carreira e estilo de vida: a baiana, que era publicitária, hoje é roteirista de cinema.

Com a volta ao Brasil, Ana decidiu acabar de vez com a tinta. “Quando eu voltei, meu cabelo estava meio pintado e meio virgem. Fui direto ao cabeleireiro e disse que queria tosar todo o cabelo tingido”. Depois da decisão – apoiada pelo cabeleireiro -, Ana exibiu um corte joãozinho por algum tempo, esperando os fios se fortalecerem.

Nem todo mundo a encorajou. “Minha família até hoje caçoa de mim, mas eu me sinto confiante e corajosa por ter tomado essa decisão”, conta. Os fios brancos de Ana ainda são poucos e não destoam muito da cabeleira escura, mas ela afirma que pretende continuar com o cabelo ao natural. “Eu não tenho mais pontas duplas e preciso fazer bem menos hidratações”, comemora.

Aos 30 anos
Já Elis Adami decidiu assumir os brancos logo que eles apareceram. Aos 34 anos, ela já se acostumou com a mecha inteiramente platinada que apareceu em sua franja há meia década. “Eu não me incomodo e acho até legal. Inclusive, no trabalho, os meninos costumam me chamar de Vampira [personagem dos quadrinhos dos X-Men]”, se diverte.

A publicitária, que era ruiva quando pequena, já viu os fios virarem castanhos na adolescência, mas nunca pintou a cabeleira. “Só clareei um pouco as pontas, porque tenho muita preguiça de ir ao salão”, conta, “mas sou vaidosa e adoro maquiagem e cremes”. Mesmo assim, se um dia optar por mudar o tom dos cabelos, Elis gostaria de deixar a mechinha branca intocada, pois acredita que o visual “tem personalidade”.

Esta segurança, porém, pode não ser para sempre. Elis não tem certeza se consegue segurar a barra de ter cabelos grisalhos, embora também já apresente alguns fios alvos espalhados pela cabeça. Já o visual 100% branco, como o elogiado por Gloria, a agrada bastante e ela daria uma chance.

A opinião deles
Se para as mulheres deixar de pintar os cabelos pode ser libertador, nem todos os homens acham uma boa ideia. Anderson Nápoles, 34 anos, é sócio da Barbearia 9 de Julho, em São Paulo, e afirma que nem ele não é fã do visual branquinho, tampouco os homens que frequentam seu estabelecimento.

"Eu não gosto dos fios brancos. Acho desleixado. Uma mulher que deixa os cabelos brancos não quer ser atraente. É uma senhora, uma avó", reprova.

Já o fotógrafo Charles Naseh, 36 anos, tem opinião diferente. Para ele, uma mulher de cabelos brancos pode até ser sexy. "Já vi mulheres maravilhosas com os cabelos brancos. A imagem que uma mulher assim transmite é de segurança, de que sabe usar o tempo a favor dela. Quem deixa os cabelos brancos ao natural não se importa com a opinião alheia, e isso é algo que me atrai", elogia.

Cuidados especiais com os branquinhos
Os primeiros fios brancos costumam ser mais rebeldes e mais grossos, explica a cabeleireira Silvana Lima, do Studio W Iguatemi. Por isso ela recomenda o uso de leave-ins e xampus que controlem o volume. Para evitar o tom amarelado - que é ainda mais evidente em quem tem o hábito de fumar - opte por produtos com leve tonalidade violeta. Há xampus, mousses e máscaras que contêm o pigmento e são recomendados para cabelos loiros e brancos. Mas atenção: esses produtos costumam ressecar mais os fios, por isso devem ser utilizados com parcimônia.

Quem tem medo de assumir os fios alvos logo de cara, pode optar pela coloração, mas sempre com tonalizantes sem amônia. Silvana sempre recomenda esta alternativa para suas clientes, quando elas começam a querer esconder os branquinhos. “O tonalizante é a melhor opção até para quem tem uns 60% de fios brancos na cabeça, pois agride menos e tem boa cobertura”, explica.

Como os fios sem cor chamam a atenção por si só, é importante manter o corte e o penteado bem alinhados. “Se a mulher se vestir de maneira formal e tiver uma postura mais séria, o cabelo branco vai adicionar de 15 a 20 anos na aparência. Por isso o corte tem que ter estilo, ser moderno”, alerta Silvana. A cabeleireira recomenda cortes curtos e médios, com pontas assimétricas e que possam ser modelados com pomada. Os fios longos podem pesar muito no visual e exigem mais cuidados, por isso não são a melhor opção.

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